Author name: Redação MR16

O que o Rock in Rio nos ensina sobre o papel das marcas no mundo atual

O Rock in Rio faz 40 anos. E em sua 40ª edição, o festival consolida-se como um evento que vai muito além da música, que acompanha as evoluções e tecnologias de seu tempo e sabe, muito bem, entreter e agradar seu público. Aqui, focaremos nesse “além”. Não na música, que é indiscutivelmente boa, com opções para todos os gostos, mas no evento sob o aspecto empresarial. O que é possível aprender com um festival, algo aparentemente tão distante do universo corporativo? Realmente, as aparências enganam. O Rock in Rio tem tudo a ver com o mundo corporativo — basta olhar a extensa lista de marcas que contam com ativações próprias na edição de 2024: Itaú, Heineken, TIM, C&A, Coca-Cola, Seara, Natura, KitKat, Doritos, Trident, Ipiranga, Prudential, TikTok, Johnnie Walker, Latam, Movida, Olla, iFood, Hypera Pharma, Britânia, Braskem, entre outras. Por que estar no Rock in Rio Perceba como muitas das marcas citadas não têm relação direta com o universo do entretenimento. O que estaria uma Gerdau, produtora de aço, fazendo no Rock in Rio? Em primeiro lugar, awareness: sem dúvidas, o nome da marca não seria tão forte na cabeça dos jovens, não fosse sua presença no evento, em tantas edições. Além do reconhecimento e atratividade inspirados, ela demonstra sua força perante à concorrência.  Tão importante quanto é um dos objetivos estratégicos não só da Gerdau, mas de diversos outros nomes que marcam presença no Rock in Rio: a sustentabilidade, em um compromisso demonstrado de maneira divertida e dinâmica, que convida o público a participar e criar memórias positivas com a marca. Iniciativas sustentáveis No caso da Gerdau, “máquinas de reciclagem” que se assemelham às clássicas de coletar ursinhos são recheadas com sucata. Elas transformam o público em “recicladores” e premia os participantes com uma miniatura do Palco Mundo, produzida com o aço da marca. Perfeito. A Movida, uma locadora de carros, leva ao festival o “Movidance”, uma pista interativa na qual os participantes seguem pegadas e acumulam pontos convertidos em árvores plantadas.  Já a Heineken chama o público para “curtir como se houvesse amanhã”, uma mensagem inteligente, atual e de fácil entendimento, conectada à plataforma ESG da marca, Green Your City, e à sua puro malte produzida com energia verde. Em suma, o Rock in Rio é uma oportunidade para qualquer marca — qualquer mesmo, independentemente de seu segmento de atuação —, trabalhar o branded content, a conexão com o público e seu compromisso com as pautas ESG de uma maneira que beira o infalível, se bem executada. A tecnologia a favor do Rock in Rio — e do público  Em um mundo acelerado e tecnológico, o Rock in Rio dá uma aula, também, sobre como facilitar e melhorar a experiência de seu público ultraconectado. Atrações não faltam. Unindo arte e tecnologia, o Rock in History é um museu a céu aberto, que apresenta a história do festival em realidade aumentada, com conteúdos imersivos e interativos que vão do 3D a universos digitais e cenários virtuais para fotos. Os tradicionais brinquedos, como a tirolesa e a montanha-russa, continuam lá. Agora, porém, a participação nas atrações é garantida via aplicativo, que por serviço de geolocalização possibilita a entrada em uma fila virtual, possibilitando que o público circule pelo gramado e as demais atrações enquanto aguarda a própria vez. Os serviços por aplicativo também garantem uma alimentação mais prática e confortável: é possível comprar comidas e bebidas antecipadamente e retirá-las, mais tarde, em filas preferenciais ou com vendedores ambulantes.  Por fim, a segurança do evento vale-se da inteligência artificial para cumprir seu dever. Há radares, drones, identificação automática de placas de veículos, recursos tecnológicos para contagem de pessoas, controle de fluxo e mapas de calor, além de 138 câmeras com visão noturna infravermelha, espalhadas pela Cidade do Rock. Celebração O último aprendizado que destacamos sobre o Rock in Rio é mais simples do que se imagina. Celebrar. Comumente, no mundo corporativo, muito se trabalha, muito se preocupa e pouco se celebra. Mas curtir o momento também é importante. E é bastante possível se divertir no trabalho, aliás, ou graças ao trabalho — seja planejando a próxima ativação em um grande evento ao vivo, seja com aquele ingresso-cortesia que te torna parte do público. ———————————– Gostou desta publicação? Leia também:

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Gerenciamento de demandas: a importância da rotina e metodologias aplicáveis

Para Hal Elrod, autor de “O Milagre da Manhã”, “nossos hábitos criam nossa vida” e “não há nenhuma habilidade mais importante para aprender e dominar que controlar seus hábitos”. Essa visão está bastante alinhada ao tema central de nosso artigo de hoje: o gerenciamento de demandas, e como fazê-lo de maneira eficaz. De fato, diante da complexidade e aceleração do mundo atual — sobre os quais já discutimos no artigo sobre Tempo 5.0 —, buscar a disciplina através de rotinas é um “must”. Para tal, há alguns momentos-chave sobre os quais se trabalhar, além de metodologias que podem ser aplicadas à sua própria vida. A importância da rotina matinal Você certamente já ouviu falar que “o café da manhã é a refeição mais importante do dia”. E não somente: a manhã, como um todo, é (ou deveria ser) o período mais importante do seu dia.  É o momento em que você se encontra mais descansado, com a cabeça fresca e em seu máximo potencial. Logo, saber utilizá-lo é essencial, e há uma série de maus hábitos que devem ser abandonados, e outros novos que precisam ser adotados, para aproveitar ao máximo as primeiras horas da manhã. Tenha em mente que: Comece a organizar seu dia Tendo em mente os pontos listados nos tópicos anteriores, fica clara a importância de organizar seu dia.  Se você tem problemas de sono ou simplesmente não tem uma constância quanto aos seus horários para dormir e acordar, tente ajustá-los aos poucos: a partir do horário que você precisa levantar, faça o cálculo para saber que horas deverá se deitar.  E uma vez que esteja dormindo e acordando regularmente nos mesmos horários, reduza 15 ou 30 minutos no momento em que vai dormir, de modo que consiga, assim, acordar mais cedo e ter mais tempo livre para si mesmo e sua rotina matinal. Além disso, um erro bastante comum é tentar organizar seu dia já na manhã do dia em questão. Considerando que a maioria das pessoas tem um tempo limitadíssimo durante a manhã, não faz sentido ocupá-lo com coisas que já poderiam ter sido feitas. Portanto, programe-se no fim de semana anterior, ou, no mais tardar, na noite anterior. Além de liberar sua manhã, você também dormirá mais tranquilo, sem se preocupar tanto com as demandas do dia seguinte, que já estarão organizadas em sua agenda. Matriz de Eisenhower para gerenciamento de demandas O nome parece complexo, mas o modelo é bastante simples. A Matriz de Eisenhower leva esse em referência a Dwight D. Eisenhower, 34.º presidente dos Estados Unidos. Durante um discurso, em 1954, ele disse: “Tenho dois tipos de problema, o urgente e o importante. O urgente não é importante, e o importante nunca é urgente”. Foi essa citação que inspirou Stephen Covey, autor de “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, a desenvolver a matriz. O método nada mais é que a segmentação das tarefas do dia em quatro quadrantes:  Dessa forma, no primeiro quadrante (“fazer”) constarão as tarefas mais importantes e urgentes, aquelas que, se não feitas, gerarão consequências mais sérias. No segundo (“agendar”), estarão as demandas que também são importantes, mas que não precisam ser feitas imediatamente. Já no terceiro quadrante (“delegar”), constarão aquelas demandas que podem ser confiadas a outros membros de sua equipe, sejam ou não tão importantes ou urgentes. Lembre-se: saber delegar é uma característica de todo bom gestor.  Por fim, o último quadrante (“excluir”) englobará as tarefas restantes, que muitas vezes se mostrarão nada urgentes, ou sequer importantes, mais servindo para atrapalhar o andamento do que de fato importa e que podem, assim, ser desconsideradas. Diversas outras metodologias podem ser unidas às aqui especificadas para melhorar sua gestão de demandas, de tempo e objetivos. Elas têm seu próprio espaço em nossos treinamentos, atualmente focados em duas frentes: Tempo 5.0 e Consumidor 5.0. Saiba mais aqui.  E se gostou deste artigo, leia também:

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A inteligência emocional como fator fundamental à sua negociação

Tão importantes quanto às competências técnicas, em uma negociação, são as competências comportamentais. Especialmente em um cenário B2B, a inteligência emocional é fundamental para que saibam identificar e aproveitar gatilhos emocionais. Além, é claro, para que seja possível manter-se firme em momentos de pressão. Quem nunca “teve um branco”, afinal, e todas aquelas coisas que estavam na ponta da língua parecem ter esvaecido? Em um cenário corporativo e competitivo, porém, um simples “branco”, perdoável em muitos contextos, pode ser a diferença para que o negócio seja ou não fechado. Ao contrário do que alguns pensam, inteligência emocional não é somente sobre gerenciar as próprias emoções. É, também, sobre compreender e melhor lidar com as emoções daqueles com quem se lida, das pessoas à sua volta. Ela o torna capaz de aliar os dois “hemisférios” da mente humana: a intuição, o próprio “emocional”, ao lado racional, à “inteligência”.  E pode ser especialmente delimitadora no contexto corporativo… Inteligência emocional em negociação B2C versus B2B As particularidades de uma negociação B2B tornam a inteligência emocional, que nunca deixa de importar, ainda mais relevante.  Em um cenário B2C, quando se lida diretamente com o cliente final, na maioria das vezes encontramos uma persona já disposta, mesmo que parcialmente, a adquirir determinado produto ou serviço. Ninguém entra em uma loja para “dar uma olhadinha”, por exemplo, se já não existe um mínimo interesse prévio pelos itens ali ofertados. Além disso, o cliente final normalmente não contará com competências técnicas e discursivas de negociação, o que o torna mais fácil de ser convencido.  No mundo corporativo, por outro lado, há muito mais em jogo: os contratos que se buscam frequentemente têm tempo determinado e valoração muito mais significativa — seja a literal, no montante que aquilo representará para o caixa da empresa, ou pelo que a parceria em si configura para a corporação.  Nesse cenário, não se encontram pessoas despreparadas. Mesmo que o negócio interesse a ambas as partes, o “lado de lá” evidentemente buscará o que é melhor para si — e nem sempre será o que é melhor para a sua empresa, ainda que seja interessante, ainda assim. Daí a importância da inteligência emocional para encontrar um meio termo vantajoso para ambas as partes.  Os pilares da inteligência emocional Cinco pilares podem ser trabalhados para melhor aplicar a inteligência emocional em suas negociações. Eles foram definidos pelo psicólogo e jornalista científico Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente”, grande referência no tema. São eles: Autopercepção e heteropercepção Em seu livro-referência, Goleman fala também sobre autopercepção e heteropercepção. Esses conceitos dizem respeito, respectivamente, ao que você percebe e compreende sobre si mesmo e o mundo ao seu redor, e às maneiras como outras pessoas percebem esses mesmos elementos.  É claro, essas percepções nem sempre serão as mesmas. Na verdade, frequentemente serão distintas. Logo, suas escolhas e ações, ainda que pareçam corretas e assertivas para você, não necessariamente o serão para outras pessoas. Por isso, mais uma vez, a importância de buscar uma compreensão do todo, das percepções alheias. Tal compreensão estenderá seu autoconhecimento ao te mostrar, também, a maneira como você é percebido. Irá ajudá-lo a evoluir, cada vez mais, sua maneira de se comunicar. Proporcionará maior previsibilidade em uma série de situações, especialmente no que se refere a antecipar possíveis riscos e traçar planos de ação para os mesmos. Em outras palavras, você desenvolverá sua capacidade de adaptabilidade e estará apto a gerir conflitos — e ao estar melhor preparado, você certamente estará, também, mais confiante em sua negociação. — Gostou deste artigo? Leia também:

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Tempo 5.0: planejamento e administração rumo aos seus objetivos

O mundo em que vivemos, época do que pode ser chamado de tempo 5.0, é uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que não faltam ferramentas que otimizam processos e ultrapassam limites físico-temporais, o volume de demandas e informações é avassalador.  O custo de vida é alto, especialmente nas grandes metrópoles. Diversas profissões encontram-se, infelizmente, sucateadas, embora a digitalização e o modelo EaD sejam grandes acertos dos tempos atuais, no sentido de tornar a educação mais acessível. Agilidade e dinamismo são palavras-chave. E ainda mais é o tempo. Ele, que muitas vezes é visto como um potencial “salvador da pátria” e precisa ser administrado com sabedoria.  Fato é: tendemos a evoluir para uma realidade ainda mais dinâmica, ainda mais acelerada. As tantas novas tecnologias já substituem a mão de obra humana, enquanto possibilitam, também, uma vida mais confortável, frequentemente mais prática, até mais fácil.  Nada está livre de um lado bom e de um lado ruim, percebe-se. E em uma realidade em atividade constante, também ele, o tempo, nunca para, nunca volta atrás. Na atual conjuntura, ele adquire novas características e particularidades. Evoluímos para o tempo 5.0. O tempo 5.0 Como uma empresa necessita ter bem definidas sua missão e visão, também o tempo, especialmente no contexto corporativo, necessita objetivos. Já dizia a famosa frase de Alice no País das Maravilhas: “se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.” Dessa forma, o primeiro passo para conseguir administrar e, de tal modo, adotar a estratégia do tempo 5.0 é saber aonde você quer chegar. Para ajudar, há algumas perguntas para as quais você pode buscar respostas: Sim, as respostas vêm do macro para o micro, propositalmente. Porque estão interligadas. Não há possibilidade de que se alcance uma meta de vida sem que se trabalhe diariamente, semanalmente, mensalmente e anualmente para que, um dia, tal meta seja integralmente e plenamente alcançada. Evidentemente, imprevistos fazem parte do jogo. Ainda assim, tendo claros seus objetivos, administrá-los torna-se muito mais fácil. O que é “impeditivo” torna-se “desafio”, e com desafios aprendemos e evoluímos ainda mais. Tempo 5.0 – planejamento tático Aqui, lida-se com o mundo real, e o mundo real exige metas realistas. De nada adianta querer economizar 100 mil em um ano, por exemplo, se este for todo o valor que você conquista, com sua força de trabalho, no período. Você precisa viver, comer, divertir-se, pagar o aluguel ou o financiamento de uma casa própria, a gasolina… Uma meta realista, se financeira, exclui o valor investido em despesas básicas e fundamentais, adapta-se ao que é possível adaptar e muitas vezes exige sacrifícios, ou alguns adiamentos — deixar de trocar de celular por um modelo mais atual, por exemplo, pode valer a pena se ajudar a viabilizar aquela viagem que você tanto quer. Talvez você encontre tal modelo de celular a preços mais atrativos, inclusive, durante a viagem. E a registrará com ele. Diferentes áreas, planejamentos próprios  Há diversas formas de segmentar seu planejamento de tempo 5.0. Você pode ter um planejamento pessoal (“emagrecer 0,5kg por semana”, “economizar mil reais por mês”) e outro profissional (“com o valor economizado, investir em um curso de continuação ou especialização para me capacitar melhor”) — é o recomendado. Um bom exemplo, que pode ser aplicado, inclusive, tanto ao planejamento profissional como ao pessoal, é a divisão em meses. Exemplo: E assim por diante. Análise de resultados e planos de ação Sabia que os famosas KPIs (Key Performance Indicators, ou, em português, indicadores-chave de performance) não se aplicam somente às práticas corporativas? Você pode, e deve, definir seus próprios indicadores-chave de desempenho, para entender em que pé está na caminhada rumo aos seus objetivos. Tais indicadores podem ser quantitativos (valor em poupança, por exemplo) ou qualitativos (tempo de qualidade destinado à família). Essa revisão e análise cuidadosas são essenciais para entender o progresso de suas metas e ajustar o que for necessário.  Por fim, é necessário entender que os métodos ajudam, mas não são “fórmulas mágicas”. São fórmulas pessoais. Busque e entenda o que funciona melhor para você, em sua organização pessoal. Tentativa e erro são mais que bem-vindos. É testando que se aprende, e se encontra.  E lembre-se: não apenas sonhe com uma vida melhor. Lute por ela, sem deixar de aproveitar a que já tem. Gostou do conteúdo? Leia também:

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ESG e o consumidor sustentável: teoria versus prática

Muito se tem falado sobre sustentabilidade, ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos em agenda da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em 2015. Ao mesmo tempo, o consumidor, cada vez mais bem informado, vem se mostrando mais preocupado e exigente com as questões sustentáveis —— ao menos em teoria.  Tem crescido, de fato, o número de pessoas que afirmam saber do que se trata o ESG. É o que mostram as pesquisas. Entretanto, tal noção não necessariamente os torna consumidores sustentáveis. Afinal, não basta o conhecimento, se as relações de consumo pouco ou nada mudam. Dados da pesquisa “Impacto ESG no Varejo” mostram que 85% dos entrevistados assumem ter práticas de consumo que não contribuem positivamente para o planeta. O estudo, já em sua segunda edição, foi realizado pela Mosaiclab para o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), com resultados divulgados no segundo semestre de 2023. O fator que acaba prevalecendo, na prática, é o preço. Prova disso é a crescente de vendas em sites de produtos importados, onde itens variados podem ser encontrados por valores abaixo da média. Pouco se sabe sobre a origem e a cadeia produtiva dos itens adquiridos nessas plataformas. Ainda assim, eles são negócios de sucesso. As recentes taxações, inclusive, geraram furor negativo entre os consumidores brasileiros. Em um país onde a esmagadora maioria da população pertence às classes C, D e E, ainda prevalece o “S” do ESG como fator de importância mais imediata. O âmbito social em sustentabilidade Quando se fala em sustentabilidade, muitos pensam somente em aspectos ambientais, sem se dar conta de que, na verdade, a sustentabilidade é um conceito muito mais amplo. Uma das análises mais interessantes (e assertivas) sobre o tema é de autoria do economista francês Ignacy Sachs. Referido também como um ecossocioeconomista, Sachs divide a sustentabilidade em cinco dimensões: Desconsiderando o puro aspecto discursivo, o âmbito social é o que parece ter maior relevância para o consumidor brasileiro, a curto prazo. Para as classes C, D e E, as quais, vale reforçar, são maioria da população, o interesse reside nas relações trabalhistas,em  mais oportunidades de emprego e salários justos.  Quanto aos demais aspectos, a tendência do consumidor ainda é mais orientada à expectativa que à prática. Em outras palavras, espera-se que a cadeia produtiva responsabilize-se pela adoção de práticas e produtos sustentáveis, ainda que tais práticas não sejam estendidas ao âmbito pessoal e doméstico. E espera-se, ainda, que os detentores dos meios de produção sejam mais transparentes quanto à sua cadeia produtiva. É a ética tão fundamental à governança. Quem é o consumidor sustentável A escolha responsável ao comprar e consumidor produtos é apenas uma de várias atitudes de um consumidor sustentável.  Ele venceu a obsolescência percebida, ou seja, já não descarta um produto em perfeito funcionamento devido ao surgimento de um tecnologicamente mais avançado. Em paralelo, frequentemente não se importará em pagar um valor mais alto, desde que tenha confiança de que aquele produto foi produzido sob práticas sustentáveis. O consumidor sustentável leva o tema para a vida pessoal, para dentro de casa. Realiza coleta seletiva, faz sua parte na redução da emissão de poluentes — andar de bicicleta ou optar pelo transporte público são bons exemplos. Ele planeja suas compras, evita o desperdício, busca itens refiláveis e produtos reciclados (e recicláveis), tem preferência por bens duráveis, lê rótulos atentamente, entre outras práticas. E não é porque esse consumidor está se materializando lentamente que a cadeira produtiva não deva ter olhar atento para ele, e para si mesma, no sentido de se adaptar para atender às suas exigências. A informação é o primeiro passo para a mudança, e ela é crescente. O compromisso pela sustentabilidade, estabelecido pela ONU já há quase dez anos, tem se tornado mais e mais urgente.  Não se produz olhando apenas para o presente, mas para o futuro. E o futuro não simplesmente será, mas precisará ser sustentável. Gostou de conhecer mais sobre o consumidor sustentável? Leia também:

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Paris 2024 foi um sintoma espetacular de nossa existência acelerada

Se há algumas Olimpíadas os smartphones não eram algo sequer imaginável, em Paris 2024 eles foram vistos em locais de prova e em pódios. Há poucas edições, as partidas estavam restritas a poucos canais que detinham os direitos de transmissão, a maioria dos quais pagos, impossibilitando que o grande público as acompanhasse. Em Paris, entretanto, os jogos, graças à transformação digital, estiveram nas mãos de qualquer um que tivesse sua própria tela inteligente portátil. Puderam ser vistos de casa, do ônibus ou metrô, daquele carro de aplicativo — também um produto destes tempos atuais —, até mesmo do trabalho, seja no almoço, café ou em pequenas pausas. E não era necessário ter uma conta paga Globoplay para assistir pelo SporTV, não. Bastavam três cliques para entrar no YouTube e abrir uma transmissão ao vivo do CazéTV. Apesar das polêmicas sobre a narração e transmissão do canal em questão, não se pode negá-lo como um autêntico exemplo da democratização da informação, tão característica da era digital. Fora as dezenas de portais, especializados ou não, dedicados à cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris, e à análise dos mesmos. E as dezenas mais orientadas ao que acontecia em paralelo — não faltaram “fofocas olímpicas” para entreter a massa tuiteira. Algumas das fontes, dizem, eram os próprios atletas e comissões. O contato direto com um comunicador interessado está a um whatsapp de distância, afinal. As imagens, os takes, os efeitos de câmera — inclusive para analisar e reanalisar jogadas e técnicas — foram um espetáculo por si só. Chamaram a atenção mesmo dos leigos mais “desligados” a esse tipo de tecnologia.  A abertura ao ar livre, apesar da forte chuva, de algumas opiniões não tão positivas e dos muitos memes, foi, sim, diferente de tudo já feito antes. E as escolhas da cidade sede, tanto em discurso como na prática, alertaram para as questões ambientais desde o dia 1. Paris 2024 trouxe o calor humano de volta, mas já durante os tempos sombrios que vivemos durante Tóquio 2020 (adiados para 2021), foi também graças às possibilidades digitais que, mesmo de tão longe, o mundo pôde acompanhar tudo “de perto”.  O que o futuro nos reserva? Os Jogos Olímpicos de 2024 nos fizeram refletir sobre muitas questões: de incentivo ao esporte à sustentabilidade, de questões raciais às de gênero. Todas para lá de necessárias. Mas eles foram sintoma, sobretudo, da aceleração dos tempos em que vivemos. Das mudanças em prazo recorde. O que era válido há um ano pode se tornar obsoleto nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, a produção de bens duráveis é uma necessidade ambiental.  Estamos evoluindo como nunca antes, alcançando patamares tecnológicos que seriam inacreditáveis, não fossem facilmente testáveis e prováveis. Tudo isso com a pressão para que se evolua no presente possibilitando o futuro. Um futuro sustentável. Um futuro com futuro.  Como estaremos nos próximos Jogos? Quanta coisa poderá mudar em mais quatro anos? O que esse futuro nos reserva? Quais suas apostas?

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